quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

São Nicolau de Mira ou Bari
O gentil santo dos presentes natalinos

Famoso por suas esmolas e socorro ao povo cristão, tornou-se para vários países o santo que realça as festas de Natal

Plinio Maria Solimeo

Na vida de São Nicolau de Mira, ou de Bari, é difícil saber o que é realidade e o que é legenda. Pois este santo do século IV foi um dos mais venerados no Oriente, antes de o ser no Ocidente. E as legendas contando maravilhas a seu respeito espalharam-se por todo o mundo.
Nicolau nasceu por volta do ano 270 em Patara, opulenta capital da Lícia (atual Turquia), de pais nobres, ricos e piedosos. Recebeu requintada educação religiosa e cívica. Na escola, evitava a companhia dos colegas perniciosos, só travando amizade com os bons e virtuosos. Crescendo, evitava os espetáculos perigosos, e domava seu corpo com vigílias, cilícios e jejuns.
Quando seus pais faleceram, Nicolau herdou grande riqueza. Mas considerou-se apenas administrador desses bens, cujos reais senhores se tornaram os pobres e os necessitados.

Socorro à pobreza envergonhada

Foi então que ocorreu um fato que todos os seus biógrafos narram e pintam tão bem. Um nobre caído na pobreza, não tendo como casar suas três filhas jovens e nem mesmo mantê-las, teve o satânico propósito de as prostituir para ganhar a vida. Nicolau soube do fato e ficou horrorizado. Tomando então uma bolsa com moedas de ouro, jogou-a pela janela da casa do infame, dando-lhe com isso o suficiente para casar a filha mais velha. No dia seguinte fez o mesmo, possibilitando casar a filha do meio. O beneficiado pôs-se então à espreita, para ver quem era seu anônimo benfeitor. E quando Nicolau, no terceiro dia, jogou outra bolsa para o dote da terceira filha, o nobre se lançou a seus pés, dizendo-se arrependido e agradecendo-lhe por aquele benefício. Nicolau pediu-lhe, confuso, para não tornar público o fato. Mas em vão, pois no dia seguinte toda a cidade comentava aquele grande ato de caridade.
Nicolau procurava, desse modo, remediar com suma caridade todos os necessitados. Socorria assim os enfermos e os miseráveis, libertava escravos e procurava atender todos os que sofriam por alguma causa.
Tendo falecido o arcebispo de Mira, os prelados da província e o clero elevavam fervorosas preces aos Céus, pedindo luzes para encontrar um digno sucessor. Como não chegavam a um acordo sobre quem escolher, combinaram então, por inspiração do alto, eleger bispo o primeiro cristão que entrasse na igreja no dia seguinte.
Ora, Nicolau tinha se mudado de Patara para Mira, a fim de viver mais obscuramente. E pensou logo em visitar a igreja local. Assim, bem de manhãzinha, franqueou o umbral do templo, ignorando em absoluto o que fora combinado. E foi logo apanhado e aclamado bispo. Embora resistisse, foi preciso ceder à vontade de Deus.

Elevação ao episcopado: luta contra os vícios

Nicolau tinha até então vivido de modo exemplar. Mas deu-se conta de que a elevada dignidade de que tinha sido revestido exigia ainda maior virtude. E disse para consigo: “Nicolau, esta dignidade requer outra vida. Até hoje viveste para ti. Agora hás de viver para os demais. Se queres que tua palavra persuada a grei que Deus te confiou, tens que dar eficácia às tuas exortações com o exemplo de uma vida perfeita”.1 A partir de então passava parte da noite em oração, comia uma só vez ao dia, abstendo-se de carne e vinho, dormia sobre uma dura enxerga e consagrava uma parte do tempo à oração e a outra parte à administração da diocese.
“Sua solicitude pastoral estendeu-se geralmente a todas as necessidades de seu povo. Cuidava dos pobres, dos doentes, dos prisioneiros, das viúvas e dos órfãos. Quando não os podia assistir pessoalmente, fazia-os ser visitados e assistidos por pessoas piedosas, a quem encarregava esses cuidados. Sua principal aplicação era a de conhecer as necessidades espirituais de seus fiéis e de levar-lhes os remédios eficazes. [...] Pregava contra todos os vícios, e o fazia com uma eloquência divina que o tornava vitorioso sobre todos os corações”.2

Salvando marinheiros de naufrágio

Num ano de grande carestia na Lícia, Nicolau soube que alguns barcos vindos de Alexandria, no Egito, com grande carregamento de trigo, refugiaram-se num porto perto de Mira. O santo apressou-se em ir até eles, suplicando aos armadores que fornecessem parte de sua mercadoria para remediar a extrema necessidade dos fiéis. Eles recusaram, alegando que todo o carregamento pertencia ao Estado e se destinava a Constantinopla. O bispo pediu-lhes então que cada barco fornecesse apenas certa medida de trigo, que ele retribuiria todo prejuízo junto ao administrador do tesouro público em Constantinopla. Por fim os armadores consentiram, e depois fizeram vela para o Bósforo. Quando chegaram ao destino, foram medir o trigo em seus barcos, e viram que havia a mesma quantidade deste ao partir de Alexandria. Os marinheiros narraram então, por toda parte, o prodígio operado pelo bispo santo.
Noutra ocasião, um navio foi surpreendido por terrível tormenta em alto mar. Seus tripulantes rogaram a Deus que, pelos méritos de seu servo Nicolau, os livrasse do perigo. No mesmo momento o santo bispo apareceu-lhes, dizendo: “Aqui estou para ajudar-vos. Tende confiança em Deus, de quem sou servo”. E, tomando o timão, dirigiu a nave em meio ao proceloso mar até o porto de Mira, e desapareceu. Os marinheiros foram então para a igreja agradecer tão grande favor. E viram ao santo no meio de seu clero. Lançaram-se então a seus pés, testemunhando seu reconhecimento. Confuso ante essa calorosa manifestação, São Nicolau lhes disse: “Dai a Deus, meus filhos, a glória desse sucesso. Quanto a mim, não sou senão um pecador e um servo inútil. Ele é Quem faz as grandes maravilhas”.
São Nicolau foi encarcerado na perseguição de Diocleciano, sendo libertado depois, com a ascensão do imperador Constantino.
Narra-se também que Nicolau apareceu em sonhos a este imperador, increpando-o por ter condenado injustamente à morte três de seus comissários. Acordando, o imperador chamou seus secretários para cientificar-se do ocorrido. E suspendeu a sentença contra aqueles inocentes.
Narra a legenda que, numa época de muita fome, um açougueiro atraiu três meninos para sua casa, matou-os e pôs os corpos num barril, querendo vender a carne como sendo de porco. São Nicolau, visitando a região à procura de alimentos para seu povo, conheceu o horrível crime do açougueiro e, com suas preces, ressuscitou os três meninos.3 Essa lenda correu o mundo e permaneceu, por exemplo, numa singela canção infantil que as crianças francesas cantavam até há pouco.
Um biógrafo do santo, o arquimandrita (superior de um mosteiro na Igreja Oriental) Miguel, narra assim sua morte: “Havendo regido a Igreja metropolitana de Mira e embalsamado o país com o perfume de uma santíssima vida sacerdotal, trocou esta vida perecedoura pelo repouso eterno” por volta do ano 341.4
Suas relíquias são preservadas na igreja de São Nicolau, em Bari. E até hoje uma substância oleosa — conhecida como Maná de São Nicolau, altamente apreciada por seus poderes medicinais — emana delas.5

Devoção ao santo no Oriente e no Ocidente

No império bizantino, São Nicolau de Mira era venerado como um dos mais poderosos auxiliares do povo cristão. No século VI, o imperador bizantino Justiniano I construiu em Constantinopla uma basílica em sua honra. São João Crisóstomo o colocou em sua liturgia com a bela invocação: “Cânone da fé, imagem da mansidão, mestre da continência, chegaste à região da verdade. Pela humildade conseguiste o mais sublime, pela pobreza o mais opulento. Pai Nicolau, sê o nosso legado para com Jesus Cristo, para que consigamos a salvação de nossas almas”.6
Seu culto chegou à Itália em 1087, quando mercadores italianos roubaram suas relíquias e as levaram para Bari. Daí seu culto chegou à Alemanha durante o reinado de Oton II (955-983). Nesse tempo, o bispo Reginaldo de Eichstaedt (+ 991) escreveu sua vida, que se tornou muito popular. São Nicolau tornou-se também o patrono de vários países da Europa, como a Grécia, a Rússia (é patrono de Moscou), o Reino de Nápoles, a Sicília, a Lorena, e também de várias cidades da Itália, da Alemanha, da Áustria, da Bélgica, da Holanda e da Suíça.
Na Holanda ele é conhecido como Sinterklaas. Representam-no montando um cavalo branco, mitra sobre a cabeça e empunhando um báculo dourado. Segundo uma legenda, ele cavalga sobre os telhados, acompanhado de seu escudeiro Pikkie, um mouro terrível que põe num saco os meninos maus. São Nicolau visita as casas, perguntando: “Há aqui algum menino mau?” Todos respondem: “Não, Sinterklaas, aqui todos somos bons”. “Todos?” — pergunta o bispo. “Sim, Sinterklaas”. Então o santo distribui bombons a todas as crianças. Quando alguma delas não se portou bem durante o ano, em vez de bombom, o santo dá-lhe um pedaço de carvão. O mesmo ocorre no sul da Alemanha, país onde está havendo uma sadia reação contra a intromissão do Papai Noel nas festas natalinas e um ressurgir da tradição do Sinterklaas, cheia de encanto, inocência e autêntico espírito católico.

Investida anticatólica contra São Nicolau

Nos Estados Unidos e em muitos outros países, São Nicolau foi substituído pelo comercializado Papai Noel. E o espírito religioso do Natal lamentavelmente vai se extinguindo, dando lugar a outro, comercial e materialista.
Entretanto, surgiu recentemente em algumas zonas da Alemanha, um movimento popular propugnando o retorno da tradicional figura de São Nicolau nas festas natalinas e a proibição do Papai Noel — personagem imposto pela propaganda neopagã para eliminar a benéfica e secular influência católica do Santo bispo de Mira nas comemorações do nascimento do Divino Infante.

Notas:
1. Edelvives, El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1949, tomo VI, p. 365.
2. Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, vol. XIV, p. 87.
3. Cfr.
http://en.wikipedia.org/wiki/Saint_Nicholas#cite_ref-6.
4. Edelvives, op. cit. p. 369.
5. Cfr. Michael T. Ott, Saint Nicholas of Myra, The Catholic Encyclopedia, CD Rom edition.
6. Fr. Justo Perez de Urbel, O.S.B., Año Cristiano, Ediciones Fax, Madri, 1945, tomo IV, p. 483.

3 comentários:

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